segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mimim!


Maria Rogério
Carinhosamente, Mimim!
Pele branca, quase algodão.
Olhos azuis – duas bilas da cor do céu do Ceará em dias de verão, o ano todo.
Cabelos loirinhos como alfenim do engenho, quase dourado, uns poucos fios.
Altura acima da mediana brasileira do seu tempo (Porque com os fermentos...).
Corpo forte.
Saúde de ferro, equilibrada, sincera.
Atitude firme, corajosa, trabalhadora.
Não era alegre nem triste.
Conversadeira com as suas comadres, não dava confiança para qualquer um.
Gostava de visitar os parente e os poucos amigos
Maria Só – Apesar de ter irmãos, irmãs e muitos sobrinhos, vivia só!
Casada, viúva, só – Não teve filhos nem os adotou. Jamais se casou outra vez. Se ela tinha amados amantes, não sei, não registro.
Só trabalhou, colheu, consumiu
Trabalha para sua sobrevivência.
Não há a moderna esmola do Governo de um salário mínimo para mulheres acima de 55 anos.
Dos pais não tenho informações. Não tive curiosidade de perguntar muito de sua vida. Respeitava o seu silêncio. Tive diversas oportunidades, fui por muitas vezes sua companheira nas viagens de visitas.
Município: Cariús – Ceará – Sítio Bravas – Morava nas terras de José Luiz e Cotinha
Segunda metade do século XIX – 1886!
Além de plantar sua rocinha de arroz todo ano, fazia pão de ló, vendia cachaça e fazia rendas de almofada e bilros (Almofada e muitos espinhos de mandacaru, estes faziam o papel de alfinetes).
Nunca tive curiosidade de saber dos seus amores. Apesar de ela gostar muito de mim.
Faleceu aos 95 anos, de velhice, cega, junto à Cotinha, a prima que a acolheu, a paciência em forma de mulher.
Ninguém perguntasse a sua idade porque a resposta vinha com a carga da sua educação:
“Sou do tempo que era falta de educação perguntar a idade dos outros!”
Dizem que seus ancestrais eram portugueses... Mas não vimos a herança da quinta geração!

Quer conhecer o resto desta história? Leia em Páginas...

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