quarta-feira, 28 de março de 2012

"Me aposentei com dez, hoje vivo de quatro"

E a curiosidade me bate e a vontade de gritar é tanta que sufoco. Para onde vão os seis?
O Brasil é um país maravilhoso. Não nego e o amo com intensidade. É o meu país! Mas para onde vão os sessenta por cento do trabalhador que dedica uma vida inteira, garante o seu salário com dignidade e o vê rebaixado por um capricho de quem não vive de quatro. Ou será que vive? E nós votamos neles. E nós continuamos votando neles. Porque essa história vem de muito longe. Claro que não é tão de longe assim, uma Nação que tem apenas quinhentos e doze anos ainda é muito jovem, diante daquelas que têm dois mil, dez mil. E por falar em dez, lembro do senhor que encontrei na estação de trem. Muito alegre, falante, que na sua conversa fala da família. Fala do desrespeito para com o idoso e diz que no ônibus que tem ar condicionado o idoso não entra e vamos entrelaçando nossos pensamentos e nossos falares. É a vida! E "o Brasil é maravilhoso porque não tem terremotos". E compara a vida de operário lá de "fora" que tem carro, a esposa tem carro e conta mais uma historinha de um sobrinho que vive em Orlando que começou a vida limpando tapete e hoje é rico. Fala dos seus filhos que são formados e até de um neto que faz Enfermagem, mas quer fazer Medicina. Toda a conversa dura enquanto esperamos o trem. E chega o trem. Ele entra comigo no vagão feminino. Logo se ouve o grito "homem não pode!" E vem o funcionário da Supervia que o conduz ao seu devido vagão, ou seja, ao vagão masculino. Ele vai, mas há homens teimosos e daí a pouco um bate boca, o funcionário pede ao jovem para respeitar o vagão feminino e ele responde: Eu não posso, você pode?! Ora, ele sendo funcionário, não é passageiro, mas aí já é outra história. O assunto inicial é sobre quem vive de quatro, quando seu direito era com dez. Dez salários mínimos!
Vagão Feminino.
Ar Condionado.
Sentada!
23 de março de 2012.
Rio de Janeiro - BR
Destino: Engenho de Dentro

Artemísia, Flor das Bravas.

terça-feira, 27 de março de 2012

Desiderata

                                 Um belíssimo programa de vida para todos!
                                 Com um sincero abraço das colaboradoras:
                                                    Ilana e Artemísia

terça-feira, 13 de março de 2012

Por que das Bravas

Ao meu jardineiro amigo

Não Bastasse quantos nomes já tenho me vem um baixinho atrevido, metido a jardineiro, floreando o ambiente e designando novos nomes a quem lhe convier. Pra quem tem um amigo desses não precisa... Deixa pra lá!
O que conta é que sendo eu das Bravas e das bravas, porque ele me conhece, resolveu ser carinhoso e tratar-me por Flor. Não sou a sua Flor, porque tem muitas... Sou flor porque é gentil e cuidadoso como todo jardineiro deve ser e para mais agradar nos põe esses belos nomes. Há flor que tem ciúmes, mas o jardineiro é habilidoso com todas e não desaponta nenhuma. Faz poemas, dedica prosas. E em prosa e verso, canta, encanta e acalanta cada florzinha esmilinguida que vai encontrando ao longo da vida.  
Artemísia

domingo, 11 de março de 2012

Cesariana na mãe mais jovem do Brasil!



          Em 1987 fiz uma cesariana em uma criança que engravidou aos dez anos de idade e tal fato chamou a atenção da imprensa falada e escrita em todo o país. No jornal Dário do Nordeste, saiu uma matéria de capa com uma foto da mãe portando a recém-nascida no colo, ambas com os olhos vendados e eu, cansado do plantão, fiquei na foto ao lado da mãe com os olhos fechados. A matéria ao lado da foto tinha os seguintes dizeres: “A MÃE MAIS JOVEM DO BRASIL. EM VÁRZEA ALEGRE, CRIANÇA DÁ À LUZ OUTRA CRIANÇA”.
          Na cidade do Crato, um senhor lia a s manchetes desse jornal em uma banca, quando uma senhora aproximou-se e ao observar nossa foto por cima do ombro do senhor reclama: “Este mundo está perdido, veja só, uma criança é estuprada e ainda fazem foto dela com o estuprador de lado”, que no caso seria eu.
Dr. Raimundo Sátiro
FMUFC, 1975 - p. 310-2001
José Murilo Martins
Faculdade de Medicina da UFC
Professores e Médicos Graduados
Edição do Cinquentenário
Volume IV
Fortaleza-Ce-2001